sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Novidades Culturais II

Por Carlos Pinheiro

Olá a todos novamente. Aqui vão mais algumas notícias que vos podem interessar.

1. Prémio Vergílio Ferreira para Mário Cláudio

Mário Cláudio foi distinguido com o Prémio Vergílio Ferreira 2008, juntando-se, assim, a nomes como Maria Velho da Costa, Mia Couto, Eduardo Lourenço, Agustina Bessa Luís e Vasco Graça Moura. O galardão foi criado pela Universidade de Évora, em 1996, para homenagear o seu patrono e distinguir ensaístas e/ou romancistas de língua portuguesa. O júri, unânime, foi constituído por José Alberto Gomes Machado, José Carlos Seabra Pereira, Isabel Allegro de Magalhães, Elisa Nunes Esteves e Clara Ferreira Alves. O prémio será entregue numa cerimónia que decorrerá a 1 de Março – dia da morte de Vergílio Ferreira, em 1996 – na Universidade de Évora.

2. Museu Paula Rego

A primeira pedra do futuro Museu Paula Rego (Casa de História e Desenhos Paula Rego) foi lançada no dia 28 de Janeiro, junto ao Museu do Mar, em Cascais. O projecto é do arquitecto Eduardo Souto Moura e ascende a 3,9 milhões de euros. A sua conclusão está prevista para o início de 2009.

3. Amigos do livro

Iniciado em 2001, o site www.amigosdolivro.com.br é hoje a maior base de dados brasileira de informação sobre livros existente no ciberespaço. Diversas secções e uma vasta gama de colaboradores garantem o rigor e a qualidade da informação.

4. Bibliowiki

Um site português (www.bibliowiki.com.pt) ao estilo da Wikipédia, construído pelos utilizadores, que pretende reunir informação sobre autores e textos ligados à Ficção Científica e à Fantasia.

5. Entrevista ao administrador-delegado do grupo Leya

Saiu na edição de Fevereiro da revista Os Meus Livros uma entrevista muito interessante ao administrador-delegado do grupo Leya, Isaías Gomes Teixeira. Para quem se interessa sobre o fenómeno da concentração editorial em Portugal nos últimos tempos, é imperdível.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

2ºSemestre - Nova Cadeira: Técnicas de Edição

Por Andreia Azevedo

2ºSemestre a começar...

Depois da Teoria da Edição, eis que é chegada a vez das Técnicas. Vamos começar a passar ideias para a prática? Veremos...
Acho que é uma boa altura para mudar um pouco o blogue e dar continuidade a um projecto que nasceu, mas pouco se desenvolveu. Gatinha, coitado!
Uma questão: o blogue mantém o mesmo nome, ou muda-se? Fazemos um mix das duas cadeiras na alteração? Substituimos o nome por completo? E uma nova imagem, que vos parece?
Digam coisas, reinvindiquem!

Bom Semestre a todos.


E venham lá as Técnicas de Edição!

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

AS LEITURAS DE VASCO GRAÇA MOURA

Não é das minhas pessoas preferidas e temos muitos pontos divergentes no que diz respeito ao modo de encarar o mundo.
Mas gosto bastante da sua poesia e reconheço sem dificuldade que é provavelmente, para não dizer de certeza, o nosso melhor tradutor dos grandes clássicos.
Por isso vos deixo aqui a sua crónica de hoje no DN, onde nos dá, para usar as suas palavras "uma breve nota impressionista sobre alguns títulos recentes que me encheram as medidas."
É que nem só o Professor Marcelo sabe de livros. Há por aí mais gente com sugestões interessantes.


Madalena Silva

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Biblio Clube 24

Por Andreia Azevedo

A Biblio Clube 24 é nada mais nada menos do que uma máquina ao estilo de multibanco que empresta livros a qualquer hora do dia.
A cada interessado, é atribuído um cartão por parte ds Biblioteca, cartão o qual, findados cinco dias após a requisição do livro é automaticamente bloqueado, seguindo a informação para a respectiva biblioteca.
Uma iniciativa inédita por parte da Camara Municipal da Batalha que procura com isso, um maior incentivo à leitura.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Correntes

na foto, Eu , José Emílio-Nélson e Pierre :)

Ora bem, a 9ª edição do Correntes d'escritas.


O que nos interessa? Não será certamente o que maior prazer me deu , que foram as conversas (desde literárias à nova lei do tabaco) com escritores realmente apaixonantes como Juan Carlos Mestre, um artista raro: "Dinis, el reye Don Dinis? Que nombre maravilloso!" Já agora, aproveitem para conhecer a sua arte em http://www.juancarlosmestre.com/. Porém, como já disse, não é isso que nos interessa aqui.


Primeiro gostaria de dizer que a organização do Correntes deveria ter sessões obrigatórias de exercício físico lá no hotel ou noutro lado qualquer. Os escritores, editores, jornalistas, agentes, organizadores, pierres e dinises acordam nos seus quartos, descem ao restaurante de elevador, servem-se com muita e boa comida, sentam-se, vão para o autocarro e sentam-se, vão para o Auditório Municipal e sentam-se, vão para o autocarro e sentam-se, vão para o restaurante, sentam-se e comem muito e bem, etc etc etc. Enfim, engordei 3 kilos, e julgo que os restantes também, e o Pepetela deve ter ficado com uma cara mais bolachuda.


Como já repararam, os escritores (etc.) viviam juntos. As mesas temáticas eram deveras interessantes (por exemplo, a Literatura rasga a realidade, Cada homem é uma língua, Sou do tamanho do que escrevo...), mas a magia esteve sempre no lobby do hotel, nos almoços e nos jantares. Foi lá que conversei com os simpáticos editores da Pé de Página (Paula e Rui Grácio), com o editor da Asa que me disse convictamente "edita o mau para poderes editar o bom!", ou mesmo Maria do Rosário Pedreira da Quidnovi. Andava lá também um tal de Teo-Ferrer, mas nunca cheguei a saber qual era a sua editora. Esclareci muitas dúvidas com os editores, mas saí de lá com uma enorme certeza: VOU EDITAR O QUE GOSTO, e esta certeza deve-se apenas ao facto de ter tomado consciência que os escritores (não digo que são menos ou mais interessantes que os livros) são especiais. Há uma energia muito positiva que emana dos seus corpos. São muito boa gente e quase todos humildes. E, para já, foi bom não ouvir falar de futebol nos 6 dias que lá estivémos. Acho que também falo pelo Pierre no seguinte: fizémos amizades (efeito Big-Brother). O José Emílio-Nélson (o senhor da foto) era uma constante presença. É um escritor com uma enorme obra e com um humor corrosivo e brejeiro. Lembro-me, por exemplo, quando apareceu a Susana Fortes ("escritora-tia") e proferiu um ruidoso "Olha a Cicciolina". Não nos podemos esquecer duma senhora que nos ficou no coração, a Manuela Ribeiro, organizadora do evento, assim como o outro organizador Francisco Guedes que, embora ficasse muitas vezes afónico, era sempre um prazer tentar ouvir.


Enfim, que mais dizer? Já sei, o nosso caríssimo prof.Zink fez lá muita falta, segundo várias pessoas como a Filipa Leal, o Juan Carlos Mestre, o Michael Kinder (não sei se é Kinder, mas é parecido), a Cristina Norton e a própria Manuela. Ainda estou na ressaca de um evento que juntou uma vez na mesma mesa Pierre, Dinis, Júlio Moreira, Pepetela, Onésimo Teotónio de Almeida, Isabel da Nóbrega e Ruy Duarte de Carvalho, o vencedor do prémio Correntes d'escritas. Ah! Andei a observar uma agente literária alemã. No início vi-a sorridente com o Ondjaki, depois Mia Couto, Paulina Chiziane, Pepetela... Acho que isto diz tudo.


Outra coisa que gostei no evento foram os lançamentos e podem ter a certeza que o facto de lá estar o escritor ajuda à venda. Até eu gastei dinheiro em livros só para poder ter a assinatura do autor. As edições parecem todas boas, tendo em conta o livro-objecto.


Saí do evento com uma vontade enorme em montar uma pequena editora, escrever mais e melhor, ler mais e melhor, e podem ter a certeza que quase todos sabem que este mundo literário é dinamizador das vidas colectivas, e que a sociedade chegou a um estado de alienação tal que o livro terá cada vez um papel mais importante. Ah, as pequenas editoras têm uma oportunidade única com a nova concentração editorial, mas a diferença terá que ser a sua marca.

Espero ver-vos a todos em breve. Até já. Abraços e beijinhos.








Livros por mundos virtuais

Depois de e-books, virtual books. Era mesmo o que faltava.
No próximo dia 28 de Fevereiro será lançado, pela primeira vez, um livro no Second Life pela Porto Editora.
Uma estratégia de marketing ou um mundo a explorar?

Ver mais aqui.

Filipa Magalhães

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

PUBLICIDADE ON-LINE

Uma notícia de hoje no Sapo dá-nos conta de que editoras norte-americanas criaram uma rede de publicidade on-line. Na prática, esta parceria entre 4 grandes editoras que detêm vários jornais, permite que o cliente compre a publicidade uma vez e esta possa sair nas várias publicações detidas pelas editoras.
Com esta prática, as editoras atingem um público conjunto de 50 milhões de pessoas!
A mesma notícia dá-nos conta de números em $us em publicidade on-line: 16,9 mil milhões de dólares em 2006. Prevê-se que atinja os 50,3 mil milhões de dólares em três anos.
Colegas, atenção! Está provado: a edição é um negócio com futuro. Estamos no bom caminho.

Para lerem melhor a notícia:

http://tek.sapo.pt/4P0/807868.html


Madalena Silva

CORRENTES D'ESCRITAS

Começou na 4ª feira. É a 9ª Edição do Encontro de Escritores de Expressão Ibérica.
Em princípio, o Dinis e o Pierre estão lá a representar condignamente a turma do nosso Mestrado em Edição de Texto que, sabiamente, delegou neles tão ilustre tarefa.
A menos que o Dinis tenha sub-delegado e mandado o pai dele.
Seja como for, esperamos relatório circunstanciado.
Entretanto deixo-vos um link para um conjunto de 15 notícias onde podermos ir fazendo follow-up.

http://news.google.pt/nwshp?hl=pt&tab=wn&ncl=1112409521&topic=e


Madalena Silva

tem sempre qualquer coisa a ver connosco

copy/paste por: João Santos


Actualmente estão protegidos durante meio século
Bruxelas quer aumentar direitos de autor de intérpretes para 95 anos
14.02.2008 - 15h10 AFP


A Comissão Europeia vai propor um aumento da vigência dos direitos de autor dos intérpretes europeus de 50 para 95 anos, anunciou hoje o comisário do Mercado Interno, Charlie McCreevy, em conferência de imprensa.

O comissário explicou, ainda, que não encontra “uma razão que justifique que um compositor beneficie da protecção dos seus direitos durante toda a sua vida e 70 anos depois de morrer, enquanto um intérprete só tem os seus direitos assegurados durante 50 anos, o que às vezes sem sequer cobre a sua vida”.

A proposta poderá ser adoptada ainda durante o verão do presente ano.


in Público.pt, 15 de Fevereiro.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Há edição de Livros em Braille, em Portugal?

Por Andreia Azevedo

Numa das minha pesquisas em busca de notícias editoriais interessantes, para aprender, questionar, debater, etc, descobri uma notícia que relatava a edição do primeiro livro de poesia em braille. Não consegui averiguar o ano da publicação da respectiva notícia, mas posso dizer-vos que se trata de um livro de Hélder Reis, de seu nome Branco, editado pela Fundação Manuel Leão (1).
Eu pergunto-me, há editoras em Portugal a praticar edições em braille? E se sim, esses livros chegam facilmente às livrarias?
É que sinceramente, nunca vi livros em braille em livrarias, mas admito que possa ter estado distraída, ou por ventura não ter visitado muitas. Em todo o caso, centro a questão nas livrarias mais conhecidas e de maior dimensão.
Por outro lado, acredito que uma edição em braille seja muito mais dispendiosa; isso poderá ser a "desculpa" para a não edição da mesma? Ou por ter um número menor de futuros compradores?
Quer-me parecer que se investe tanto dinheiro em futilidades e em livros que não lembram nem ao menino jesus. Não seria muito mais sensato, investir em algo que permita a transmissão de cultura a qualquer ser humano, independentemente das limitações que este possa ter?

(1) "A Fundação Manuel Leão foi criada em Janeiro de 1996 pelo seu instituidor, Pe. Manuel Valente Leão. Os seus fins principais são a promoção do bem público nos domínios da educação, da cultura, da actividade artística e da acção sociocaritativa. "

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Sugestão ao novo Inquérito


por: João Santos

Se fosse um editor, faria edições, mais pelo seu gosto pessoal, ou tendo em conta o gosto colectivo?

___Gosto pessoal

___Colectivo



Parece-me que deveria existir a opção Depende porque, na realidade, depende da edição.


Rescaldo do 2º Inquérito...

Por Andreia Azevedo

Se bem se recordam, esteve em curso, ao longo do mês de Janeiro, um inquérito que pretendia apurar qual o factor que mais contribui para a compra de um livro.
Até ao termino da votação - tudo esteve em aberto - mas a vitória acabou por ser atribuída ao autor.
Compreende-se o raciocínio do autor enquanto marketing do livro, nomeadamente quando este é conhecido/reconhecido. Mas no caso de novos autores, como é que essa "estratégia comercial" se aplica? Como é que um editor consegue persuadir à compra de um livro levado a cabo por um escritor recente, apenas pelo seu nome?
Gostaria de saber, por parte das pessoas que votaram autor, se votaram tendo em conta apenas a vertente do autor conhecido, ou se pensaram nas duas faces da moeda.
Sinceramente, eu não considero essa a melhor estratégia...

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Os Maias contados às crianças

Hoje, ao comprar o SOL, foi-me oferecido um pequeno volume com a edição de Os Maias, adaptado para os mais novos por José Luis Peixoto, com ilustrações de André Letria. Trata-se de uma colecção. Os 3 primeiros volumes são oferecidos, os restantes quem quiser compra.
Devo dizer que considero Os Maias uma obra prima da literatura portuguesa, quase o meu livro de cabeceira. Quando não tenho nada de jeito para ler, pego n' Os Maias e releio passagens.
Talvez por isso, fiquei estarrecida com o que me ofereceram hoje: um livro com capa dura, de 25cm x 23 cm, formato tipicamente infantil, com illustrações a condizer e bem bonitas, guarda e contra-guarda em roxo, com 16 folhas (32 páginas) que tive de contar porque não estão numeradas, (estão a ver para que serviu o trabalho de HSL?). Então qual é o problema? - perguntar-me-ão.
Pois bem, o amigo Peixoto agarrou na magnífica prosa do Eça e retirou tudo o que é descrição, enquadramento, narrativa pura, expurgou a adjectivação que dá sentido ao Dâmaso, ao Euzebiozinho, eliminou todo o contexto. De que outra forma poderia enfiar o romance em 16 páginas de texto com uma fonte de tamanho 14 ou mais? E frases a bold em tamanho 16 ou 18, pelo menos?
O resultado é uma prosa inqualificável em que as mulheres aparecem como umas messalinas que abandonam os filhos e os maridos para fugir com outros tipos, ou que parece que são casadas mas afinal são viúvas e têm um amante que afinal deixam para ficarem com outro amante que, vai-se a ver, é o irmão!!!
Em duas penadas, é isto. Também sei sintetizar, mesmo não me chamando José Luis Peixoto.
A culpa não é dele mas de quem lhe encomendou o trabalho de tentar contar a miúdos pequenos uma história que é para adultos.
O problema de verter clássicos da literatura para textos entendíveis por crianças, não reside na forma mas no conteúdo. Há clássicos da literatura que não são definitivamente para as crianças lerem. Deêm-lhes bons clássicos para eles. Atirem-lhes com Moby Dick que o Melville agradece. Obriguem-nos a ler a Ilha do Tesouro, a Alice, compilem a Jane Austen e vão buscar o Salgari ao baú dos esquecidos. Se quiserem ser mais clássicos ainda, reconvertam a Condessa de Ségur para os nossos tempos, As aventuras dos cinco e dos sete. A nossa magnífica colecção Uma Aventura nem sequer precisa de adaptação.
Mas há mais: os romances de cavalaria são próprios para adaptações para a miudagem e outros que eu li - sem adaptações mas reconheço que os tempos eram outros e que hoje é difícil competir com a linguagem abreviada dos chats e das playstations - na minha infância e na minha juventude e que me ajudaram a desenvolver a paixão pela leitura.
O princípio tem de ser esse porque se isso for feito, eles logo hão-de chegar a'Os Maias, quando tiverem idade para ler, perceber e apreciar.
Claro que os exemplos que eu dei não são portugueses. Que se há-de fazer se a nossa literatura não tem grandes exemplos de escrita para crianças? Agora o caminho também não me parece que seja este.
Nas próximas semanas vão sair outros, de Júlio Dinis a Fernando Pessoa, Gil Vicente, Camilo, Garrett, Padre António Vieira e mais Eça. Os adaptadores são, entre outros, a Rosa Lobato Faria, o António Torrado, o Possidónio Cachapa, o Francisco José Viegas, o José Jorge Letria e o nosso professor Rui Zink que adaptou as Viagens na minha Terra. Ora aí está um livro que eu nunca na vida consegui ler, embora tenha começado várias vezes. Esse eu vou comprar, sempre quero ver como é que ele se saiu e pode ser que, finalmente, assim adaptado eu consiga conhecer a história toda.
Agora, Os Maias!....
Juro que se fosse catraia e lesse uma coisa assim, nunca mais na minha vida ia querer ouvir falar em Eça de Queiroz.
Bom esta é a minha opinião, mas posso estar a ver mal as coisas, por isso gostava muito de conhecer as vossas opiniões sobre esta edição d' Os Maias.
Digam coisas.

Madalena Silva