
Este é o orbituário de Rogério de Moura, publicado hoje em meia página do Público. Não me parece que seja por isso que é importante...
Ontem, na editora onde estou a estagiar, alguém descobriu com tristeza que este editor tinha morrido e eu nem sabia muito bem quem ele era. Quer dizer: sabia que estava à frente da Livros Horizonte desde sempre mas pouco mais. O interessante no meio disto tudo é estar em contacto com pessoas que o conheciam e perceber que ele era "um dos últimos editores humanos deste país", a pessoa preocupada com os amigos (ainda que fossem editores de outras casas), com os colegas, com o mundo em que tocava.
Editou muitos livros (coisa que, como aprendemos, qualquer um pode fazer, mas os livros dele eram um risco - coisa que permite uma sobrevivência difícil mas uma satisfação plena) mas, acima de tudo, tocou muita gente (aquilo que poucos vão conseguir). Digo isto porque já percebi que há por aí gente que se vende por muito pouco, muito pouco mesmo.
Gosto de pensar que o Rogério de Moura não era assim. E digo-o porque muitos mo disseram, e eu acredito. Porque como vivi pouco resta-me ouvir o que outros viveram. E não, não sou ingénua, apenas acho que é razoável. Sempre achei que o editor estava evolto numa aura especial, de respeito e honestidade, e espero conhecer muitos mais assim.