Olá a todos. Gostaria de partilhar convosco a experiência enriquecedora que tive ao assistir à sessão de lançamento do livro O Papel e o Pixel (José Afonso Furtado, Ariadne Editora, 2007) no dia 19 de Março por volta das 18:30 na livraria Círculo das Letras (Rua Augusto Gil, n.º 15B - transversal da Avenida João XXI, entre o Areeiro e o Campo Pequeno). É um espaço pequeno mas muito acolhedor e interessante que vale a pena conhecer. Esta sessão, que contou com a assistência de cerca de 20 pessoas, foi dinamizada pelo próprio autor, pelo professor Rui Zink e por Nuno Seabra Lopes e Paulo Ferreira, ambos da Booktailors (famosa empresa de consultoria editorial: http://www.booktailors.com/). Contudo, não se tratou de uma mera apresentação de um livro récem-publicado. Pelo contrário, e isso é que foi mais pertinente, o livro foi o pretexto para um debate dos oradores sobre o papel das obras impressas na nossa sociedade, sobre as vantagens e desvantagens da aplicação das novas tecnologias no mundo editorial e sobre o futuro do livro tal como o conhecemos hoje em dia (sem futurologia, diga-se de passagem). Com muita pena minha, tive de sair um pouco mais cedo, mas de qualquer modo, enquanto lá estive, os intervenientes falaram de aspectos muito importantes e que vêm perfeitamente ao encontro do que temos aprendido durante as aulas do nosso Mestrado em Edição de Texto. Indico seguidamente alguns dados e algumas ideias que retive e que me fazem pensar:
1. A maior parte da produção escrita em todo o mundo (cerca de 95%) circula via electrónica e está armazenada unicamente em formato digital;
2. Actualmente, a quantidade total de informação escrita que circula por meios digitais corresponde a qualquer coisa como 36 mil vezes o número total de volumes das actas do congresso norte-americano publicados por ano, e com tendência para crescer;
3. A este ritmo, a fraca capacidade de armazenamento, a lenta velocidade de transmissão e a enorme dificuldade na selecção e na pesquisa da informação digital serão uma realidade em poucos anos (sendo que uma enorme percentagem do que se encontra disponível on-line é, pura e simplesmente, "lixo");
4. A publicação de obras literárias em suporte electrónico veio facilitar o acesso a muitas dessas obras por parte de investigadores, professores e outros interessados, as quais, por um motivo ou por outro, não podiam ser estudadas, conhecidas e divulgadas de outra forma;
5. A escrita digital veio "revolucionar" a própria concepção do objecto "livro" e o modo como os seres humanos adquirem conhecimentos e aprendem, graças essencialmente aos múltiplos percursos cognitivos existentes, fruto das ligações hipertextuais (esta ideia tem um grande impacto sobretudo no meio escolar, ou seja, na forma como os docentes devem guiar o processo de aprendizagem dos seus alunos);
6. O modelo de informação hipertextual não é aplicável a todos os campos da edição, ou seja, existem determinados géneros de escrita em que tal não faz sentido e que justificam o formato impresso tradicional (ex.: uma narrativa - conto ou romance - é um tipo de texto "linear", em que não se justifica dar ao leitor várias hipóteses de caminhos para obtenção de informação, sob pena deste se perder no enredo da acção e da narrativa se tornar demasiado dispersa e confusa);
Creio que já ficaram com uma panorâmica sobre o que se discutiu nesta sessão. A título de curiosidade, acrescento apenas que houve uma breve mas intensa discussão sobre a implementação do Acordo Ortográfico (o professor Rui Zink a favor e Paulo Ferreira contra). Em resumo, foi uma iniciativa muito interessante e acho sinceramentre que este livro, não querendo fazer publicidade, é muito interessante para a nossa área e que vale a pena comprar e ler ou simplesmente folhear para ver se algum dos capítulos nos interessa particularmente.
Por Carlos Pinheiro
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1 comentário:
Queria agradecer-lhe o seu interesse pelo meu livro e pela sessão do passado dia 19. Gostaria apenas de corrigir um dado referido no ponto 2 do seu post e que, certamente por lapso meu, não foi bem transmitido.
Referindo dados do Estudo "How Much Information? 2003", da responsabilidade de Peter Lyman e Hal Varian e elaborado na School of Information Managemente and Systems da University of California at Berkeley, a quantidade de informação nova produzida em 2002 terá sido de 5 exabytes. Como este número é algo vertiginoso, tentei dar um exemplo a partir de uma realidade conhecida, e referi então que ele corresponderia sensivelmente á dimensão da informação contida em 36.000 novas bibliotecas com em colecções biliográficas do tamanho da Library of Congress. Esta é considerada geralmente a maior biblioteca do mundo integrando mais de 29 milhões de livros e material impresso.
Com os meus cumprimentos
José Afonso Furtado
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