quinta-feira, 6 de março de 2008

Reflexão sobre o 3º inquérito

Por Andreia Azevedo

Encerrado mais um inquérito!

Ganha a máxima do "quero editar aquilo que gosto".

Quando vinha para o trabalho, estava a pensar no resultado do inquérito, e num livro que li na primavera passada: Os Cisnes de Leonardo de Karen Essex.
O livro gira em torno do universo feminino, dos seus mistérios, sabores e disabores, tendo como pano de fundo a bela Itália do Renascimento.
A trama centra-se em sucessivas guerras de ego, entre as duas irmãs: Isabel, Marquesa de Mantûa e Beatriz, esposa de Ludovico Sforza, Príncipe de Milão. O próprio Ludovico e o seu genial pintor, Leonardo da Vinci, também afirmam e "lutam" pelo seu ego. Ludovico na exuberância dos monumentos que manda construir, espelhando assim a magnitude da sua cultura e o seu refinamento e Leonardo, irreverente e dono dos seus actos, dir-se-ia indomável e genial em cada pincelada ou esboço por si traçado.
Todos procuravam um objectivo comum, a imortalidade.
Embora, na minha opinião, o único com uma identidade muito própria seja Leonardo.
No fundo, acho que todos nós procuramos a afirmação do nosso ego, não é verdade? Positivamente ou não, é para isso que todos caminhamos.
Eu também concordo que devo editar aquilo que gosto. E inicialmente, tinha explicado ao João que sabia que nem sempre poderíamos fazer tudo o que queríamos. Queria apenas perceber a ideia de cada um.
Mas continuo com a mesma dúvida com que comecei este inquérito. O mundo é uma marca individual de alguém que o faz avançar ou uma colectividade?
Um editor é alguém que marca o seu gosto e influencia os demais com ele (um sedutor, citando o prof. Zink), ou alguém que faz o que o mercado pede?
Fala-se muito no fazer o que o mercado pede. E quem ou o quê, o faz pedir?

Uma outra questão... diferença entre quem aprecia e quem faz...

Acho que continuo muito agarrada à Teoria... siga para as técnicas...

2 comentários:

Rui Zink disse...

O trama?!?

Anónimo disse...

O assunto não me parece fácil. É por causa de se fazer o que o mercado quer que, ao nível da televisão, por exemplo, continuamos a levar com as Julias Pinheiro, as Fátimas Lopes, Os Gouchas, as novelas mais ou menos portuguesas à mexicana, os Fieis e infiéis e as Belas e os horrorosos ou lá como era o nome da coisa para citar apenas alguns dos "Big Brothers" com que temos sido presenteados. A desculpa é a de que é aquilo que o público quer. Mas o público não pode querer outra coisa se não lhe dermos mais nada. Parece a pescadinha de rabo na boca: a televisão não passa ópera porque o povo não gosta de ópera e o povo não gosta de ópera porque nunca vê ópera, porque a televisão não passa ópera, porque o povo não gosta de ópera... nos livros é parecido. Há algumas coisas que não se editam porque não têm leitores e nunca hão-de ter leitores porque nunca hão-de ser editadas.
Eu sou por editar o que gosto. Não é muito difícil de escolher. Mas provavelmente vou passar fome e acabar num lar a viver da Segurança Social - se ainda houver - à laia do Pacheco. Esse só editou o que muito bem quis e vejam lá no que deu. Pensem bem antes de fazerem opções e de se ajuramentarem às mesmas para depois não terem de vender a alma ao diabo.