domingo, 5 de outubro de 2008

DINIS MACHADO, in memoriam.

Por Madalena Silva

Há algum tempo que estamos parados. As férias e o início dos estágios para muitos, e do trabalho e preparação de projectos para outros, fizeram com que o nosso blogue se acomodasse algures no sossego da rede em silêncio e quase sem se dar por ele.
Por outro lado, julgo que o facto da "criadora" do aspecto e da organização do blogue ter sido a Andreia, terá inibido os restantes no que respeita a actualizações diferentes do que sejam as simples mensagens e comentários.
Ora, como sabem, eu sou pouco inibida e se, até agora, a Andreia não lhe mexeu é porque certamente não pode e, como tal, alguém tem de se chegar à frente. O blogue é colectivo se bem estão lembrados.
E porquê hoje? - Perguntam vocês.
Por várias razões. - Respondo eu. A saber:
1 - Porque até hoje também não tinha tido tempo.
2 - Porque hoje é dia de comemorar a República e como já não há republicanos genuínos, daqueles que andaram aos tiros na rua (ao que parece o último conhecido finou-se no ano passado), alguém tem de assinalar as efemérides.
3 - Porque estou um bocado azul com este roubo descarado que constitui a coincidência de um feriado num domingo! Devia haver uma lei a proibir estas coisas.
4 - Porque (e esta é de facto a mais importante e a que deve verdadeiramente contar) não se pode ter um blogue sobre edição e não prestar tributo a Dinis Machado, falecido ontem aos 78 anos.
Transcrevo aqui a nota biográfica constante da badana da minha edição de O que diz Molero, publicada em Fevereiro de 1987 pelo Circulo de Leitores, com licença editorial por cortesia da Livraria Bertrand:
"Dinis Ramos Machado nasceu a 21 de Março de 1930, em Lisboa. Viveu no Bairro Alto até aos trinta e três anos. Foi jornalista desportivo no Record, no Norte Desportivo, no Diário Ilustrado e no Diário de Lisboa. Organizou no princípio dos anos sessenta, os primeiros ciclos de cinema da Casa da Imprensa e fez crítica de cinema na revista Filme onde "escrevi as minhas grandes primeiras asneiras verdadeiramente convencidas".
Praticou de tudo um pouco, do poema à entrevista, espalhado ao desbarato. Escreveu três livros policiais em 1967 (Mão Direita do Diabo, Requiem para D. Quixote e Mulher e Arma com Guitarra Espanhola) com o pseudónimo de Dennis McShade na colecção Rififi, que dirigia na altura. Publicou dez anos depois O que diz Molero, que teve treze edições, com cerca de cem mil exemplares vendidos. O livro foi traduzido em espanhol, búlgaro, romeno e alemão. Fez também adaptações e outros trabalhos para televisão. Publicou em 1984 o texto Discurso de Alfredo Marceneiro a Gabirel Garcia Márquez, ilustrado por Fátima Vaz."
A actualização desta nota biográfica pode ser feita a partir de algumas notícias saídas entre ontem e hoje nos periódicos nacionais:
Correio da Manhã
Lusa
TSF online
RTP
DN
PÚBLICO
RR

Deixo ainda o link para a entrevista publicada no P2 do Público, no dia em que fez 77 anos e cuja leitura recomendo vivamente.
A concluir, direi que independentemente de todos os textos que escreveu e publicou, e que merecem ser lidos, O que diz Molero é igualmente leitura obrigatória e devia constar dos manuais escolares. (Não sei se consta, mas a fazer fé nos decisores da educação neste país, tenho sérias dúvidas. Alguém me diga se estou enganada que eu farei aqui publicamente a minha contrição.)
Por isso, como TPC para todos os meus colegas: ler, ou reler, O que diz Molero.
E um obrigado ao Dinis Machado, por ter escrito este e outros.



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