terça-feira, 25 de novembro de 2008

Rogério de Moura

por Sofia Madalena

Este é o orbituário de Rogério de Moura, publicado hoje em meia página do Público. Não me parece que seja por isso que é importante...


Ontem, na editora onde estou a estagiar, alguém descobriu com tristeza que este editor tinha morrido e eu nem sabia muito bem quem ele era. Quer dizer: sabia que estava à frente da Livros Horizonte desde sempre mas pouco mais. O interessante no meio disto tudo é estar em contacto com pessoas que o conheciam e perceber que ele era "um dos últimos editores humanos deste país", a pessoa preocupada com os amigos (ainda que fossem editores de outras casas), com os colegas, com o mundo em que tocava.


Editou muitos livros (coisa que, como aprendemos, qualquer um pode fazer, mas os livros dele eram um risco - coisa que permite uma sobrevivência difícil mas uma satisfação plena) mas, acima de tudo, tocou muita gente (aquilo que poucos vão conseguir). Digo isto porque já percebi que há por aí gente que se vende por muito pouco, muito pouco mesmo.


Gosto de pensar que o Rogério de Moura não era assim. E digo-o porque muitos mo disseram, e eu acredito. Porque como vivi pouco resta-me ouvir o que outros viveram. E não, não sou ingénua, apenas acho que é razoável. Sempre achei que o editor estava evolto numa aura especial, de respeito e honestidade, e espero conhecer muitos mais assim.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Encerramento da Byblos

Por Carlos Pinheiro

Um ano depois de ter sido inaugurada com toda a pompa e circunstância, eis que a Byblos fecha portas. É estranho que uma livraria como estas (a maior do país quer em dimensão ocupada quer em número de livros disponíveis, bem como a mais sofisticada em termos tecnológicos), anunciada como um projecto que tinha consistência, fortes possibilidades de expansão (com a abertura prevista de mais lojas por todo o país), e que vinha revolucionar o panorama editorial (basta lembrar a promessa da disponibilização ao público dos fundos de catálogos de todas as editoras nacionais), pudesse ter este fim e de um modo tão abrupto. Quando vi a notícia pela primeira vez na televisão, fiquei estupefacto. Não queria acreditar. Contudo, é mesmo verdade. Perante isto, comecei de imediato a reflectir sobre alguns aspectos que poderiam estar relacionados com a queda deste gigante:

1.º Porque é que a livraria só encerrou agora? Ao que parece, há já alguns meses (quase desde o início) que o negócio não estava a correr bem. Por outro lado, fechar portas em pleno mês de Novembro (a poucas semanas do Natal), também não me pareceu a estratégia mais adequada. É bom não esquecer que os últimos dois meses do ano são a época de vacas gordas para as editoras, que conseguem obter lucros semelhantes àqueles que fazem ao longo de todo o resto do ano. Ou será que já nem o menino Jesus poderia fazer um milagre e salvar a livraria da falência?

2.º Quais as razões para este encerramento precoce? Será que tem alguma coisa a ver com a crise que todos nós sentimos nas carteiras? Será que as pessoas estão a comprar menos livros? Será da concorrência de outras grandes livrarias? Será da localização? O que acham?

Neste sentido, fiz uma pequena esquisa por alguns blogues especializados e encontrei três artigos muito interessantes nos quais os respectivos autores discutem as razões que segundo eles conduziram a esta situação. Aconselho vivamente a sua leitura (Eduardo Pitta, Jaime Bulhosa e Carla Maia de Almeida).

Deixo-vos com a seguinte reflexão em forma de pergunta - «Byblos: sonho ou ilusão?»