sexta-feira, 30 de maio de 2008

CONTOS DO VODKA LARANJA - II

Por Madalena Silva


Depois de um longo dia de trabalho, a mulher senta-se à mesa, com ar extenuado, e o marido tentando ser amável pega na concha para servir a sopa e pergunta-lhe:
- Sirvo-te?
E ela responde, distraída:
- Às vezes...

quarta-feira, 28 de maio de 2008

O QUE MUDOU EM 10 ANOS

Por Madalena Silva

Nem de propósito! Estava eu a ruminar sobre o meu capítulo dedicado às novas tendências editoriais e ao facto de ainda não estar satisfeita com o resultado quando, em navegação de lazer nas ondas da net, dou de caras com um post no LERBLOG que se intitula DEZ ANOS DEPOIS.
Uma leitura rápida, uma clicadela no link recomendado, e descubro um texto delicioso cuja leitura recomendo vivamente aos que estão interessados em reflectir sobre o que mudou no mundo dos livros nos últimos dez anos.
O texto é de Robert McCrum que foi editor literário do The Observer durante mais de 10 anos, tendo deixado o cargo este mês.
E só para vos dar um cheirinho, ele dá o tiro de partida dizendo-nos que, quando começou, em 1996, aquele mundo seria facilmente reconhecível por nomes como George Orwell, Cyril Connoly, Anthony Burgess ou Clive James. Era um mundo de tinta e papel, de cigarros, de café e bebidas fortes.
Depois estrutura o resto do texto em 10 capítulos pequenos, 10 short chapters, ao longo dos quais nos vai dando as suas impressões sobre Zadie Smith, Amazon, JK Rowling, The Corrections, Festivals, Prizes, Ian Mcewan, Blogs vs Reviewing, Eats,Shoots and Leaves e The Kindle.
É uma pena ser feio plagiar.
Dava um capítulo sobre novas tendências editoriais perfeito!


Copyright,Copyleft and The Creative Anti Commons

Por Andreia Azevedo

Copyright, Copyleft and The Creative Anti Commons - Berlim 2006

Trata-se de um texto que aborda novas perspectivas perante a temática do Direito Autoral, para além de ser um percurso interessante pela História e pelas mudanças de mentalidades.
Citei-o no meu trabalho, mas penso que será muito mais útil para quem está a trabalhar o "Papel do Autor". (Dinis e Ana Faria, creio!)
No final da página encontra-se o link que remete para a tradução portuguesa.

terça-feira, 27 de maio de 2008

"Publicar o que dá, para poder publicar o que não dá."

Manuel Alberto Valente, à conversa com Carlos Vaz Marques, no "Pessoal e Transmissível" da TSF, para ouvir aqui.

Ana Valentim

Rescaldo do 1º dia de Feira do Livro

Por Andreia Azevedo

Depois de tanta lavagem de roupa suja e da chamada publicidade gratuita que aqui se tem referido, ou até mesmo nas aulas, lá me decidi a ir à Feira do Livro no Sábado. Cheguei lá por volta das 17H00. Pouca gente mas muitos comes e bebes.
Comecei a vistoria à Feira pelos alfarrabistas e fui subindo, enquanto a minha mãe me repetia constantemente: - "Haja olhos para isto tudo!"
Chego finalmente à tão badalada secção LEYA. O meu coração palpitava de tamanha ânsia. Confesso que estava à espera de uma apoteose, mas como diz o ditado popular: “foi um balde de água fria”.
Tanto conflito criaram no puro intuito de chamar a atenção e de se promoverem, e no preciso momento em que as atenções se viram para eles, apresentam aquilo?
Os pavilhões quase todos por montar, caixotes nas escadas, os empregados descoordenados e a atrapalharem-se uns aos outros, mas o mais engraçado eram os Staff, a típica imitação do porteiro de discoteca, com a diferença que na feira do livro fui barrada:
“- Ai desculpe, mas não pode entrar porque ainda estamos a montar, mas se vir algum livro que lhe agrade, não se vá embora sem ele.” – Está frase é a chave de tudo!
É isto o ser diferente e são estes os senhores avançados que apontam o dedo aos outros, chamando-os de tradicionais e antiquados editores?
Desculpem, mas dá-me vontade de rir! Promoção de quê? De incompetência?
É a isto que se chama astúcia? Se fossem realmente espertos depois de montar o circo em busca de atenção, apresentavam tudo organizado e ganhavam ainda mais pontos. Fizeram-no?
Lá está, há uma grande diferença entre saber e o parecer que se sabe!


Pontos a favor (porque também sei admitir as coisas):

- Os livros estão dispostos em prateleiras - facilmente saltam à vista - ao contrário da maioria das barraquinhas onde temos que andar a esmiuçar. Se bem que eu gosto de procurar as coisas, logo não me importo;

- O mini parquinho infantil que eles criaram.


Sinceramente não me chateia horrores perceber que as coisas não são terminadas a tempo, chateia-me a prepotência das pessoas em acharem-se melhores do que os outros, quando ainda fazem pior.
Como dizia o Sr. Isaías Teixeira no encontro dos Livros em Desassossego: “Deixem-nos trabalhar e mostrar o que queremos fazer”.
Se nós deixarmos de fazer deles vítimas, eles mostram. E mostram o que se viu!


Uma chamada de atenção:

Quem é que está a trabalhar sobre o marketing?

Ora aqui ficam duas promoções que achei um “mimo”:

- “Leve 3 livros e oferecemos o mais barato”.
- “Na compra de um livro, leva um pacote de pipocas”.

...

ISABEL DA NÓBREGA

Por Madalena Silva
No último JL, saiu uma entrevista belíssima com Isabel da Nóbrega cuja leitura recomendo vivamente.
Deixo aqui um apontamento de que gostei particularmente: "Gosto muito de estar cá. Se pudesse, não morria. Um dia, disse à minha filha que me pusessem na campa: Aqui jaz, indignada, Isabel da Nóbrega".
Subscrevo inteiramente.
Deixo ainda para reflexão e possível tema a discutir entre nós, o excerto de uma das suas respostas sobre o que hoje se edita:
"(...)Quando agora entro numa livraria e olho à esquerda e à direita e só vejo aqueles livros que estão a sair, com aqueles títulos e capas, a que dantes chamávamos livros de gare, que se vendiam nas estações, pergunto-me o que estão a fazer os editores, o que trazem aos novos para comprarem e darem aos amigos? Porque há uma responsabilidade no que se edita. E a verdade é que os grandes escritores actuais talvez sejam menos conhecidos do que uns tantos que escrevem ligeirinho, ligeirinho. Ficamos entre o futebol e esses livros. Não percebo para onde vão."
Nem eu.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Os direitos dos leitores

Caríssimos,

Andamos a falar de Edição como se se editasse em nome de algo maior que o homem, uma deusa literária qualquer, mas esquecemo-nos que no fundo editaremos em nome dos leitores, e os leitores têm direitos.

Daniel Pennac, em "Como um Romance", da Asa, enumera 10 direitos principais:

1- O direito de não ler.
2- O direito de saltar páginas.
3- O direito de não acabar um livro.
4- O direito de reler.
5- O direito de ler não importa o quê.
6- O direito de amar os "heróis" dos Romances.
7- O direito de ler não importa onde.
8- O direito de saltar de livro em livro
9- O direito de ler em voz alta
10- O direito de não falar do que se leu

Dinis

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Leya do Fivro

Por: João Santos

Segundo o PÚBLICO, a Leya terá 15 barraquinhas no topo superior direito da Feira do Livro de Lisboa, todas à sua imagem e semelhança. Depois de tanta discussão admito que estou à espera de tapetes vermelhos, bungee jumping com os escritores, tendas de strip literário (em vez de notas, oferecemos sonetos e novelas às meninas), fogo de artíficio e até, quem sabe, uma benção do amigo Berardo.
Se só tiver bons livros com 20% de desconto também é simpático.


Lembro-me da Madalena comparar (e bem) o espírito da Feira com o do Avante!.
Madalena, em tudo estes dois acontecimentos se aproximam. Toda esta história em torno da Feira me lembra o choque que alguns avantistas - mais avessos aos perigos da globalização - tiveram ao encontrar, em pleno chão da Quinta da Atalaia, uma barraquinha da Pizza Hut e outra, mesmo ao lado, da KFC. Foi uma histeria de fotos e comentários e ameaças com copos de imperial (de plástico).
No dia seguinte, já havia fila para se lá pestiscar qualquer coisa.
Confesso que, entre tanta luta, o que mais me preocupa é ver se as barraquinhas não XPTO se organizaram como deve ser; caso contrário (e assim como aconteceu no Avante!), de tão distraídas com guerras e ultrajes, acabarão como as associações e casas de petisco tradicionais que se esqueceram de ter comida suficiente para toda a gente.

Abre amanhã.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

JOÃO AGUIAR SEGUE MANUEL ALBERTO VALENTE

Por Madalena Silva

Conforme se pode ler no Público e no LERBLOG, João Aguiar sai da ASA, no grupo LeYa, para seguir com Manuel Alberto Valente para a Porto Editora. E porquê? Porque escritor e editor são amigos há muitos anos e João Aguiar acha natural preservar esse relacionamento.
Está visto que o mundo editorial assenta mesmo sobre as boas relações que se constroem ao longo de vidas inteiras, como tanto se tem falado nas nossas aulas.
Por isso é que nos custa muito engolir esta história dos grandes grupos e do negócio e do lucro e do marketing puro.
Quando a edição for feita por uma empresa com um conselho de administração constituído por homens de fato e gravata, vítimas de jetlag constante, e que ninguém encontra a tomar um cafezinho na Mexicana ou a ler os jornais no Jardim da Parada (à memória do Torcato Sepúlveda) com quem é que os autores vão estabelecer relações, cumplicidades e amizades de muitos anos?

Museu Itinerante de Jogos Tradicionais Portugueses

Por Andreia Azevedo

Aqui fica uma chamada de atenção sobre o que se anda a fazer no ISCTE - nomeadamente - na Pós-Graduação em Património e Projectos Culturais.

CONTOS DO VODKA LARANJA - I

Por Madalena Silva

A mulher arranjou-se toda muito bem e, quando o marido chegou a casa, disse-lhe:
- Desculpa lá, mas hoje tens de me levar a sair, a um sítio muito caro!
Então, ele pegou nela e levou-a a uma bomba de gasolina!

terça-feira, 20 de maio de 2008

Bookcrossing

Por Andreia Azevedo

Em bem tinha falado em livros rebeldes!
Ontem estive na Faculdade de Letras e conheci a nova iniciativa da Biblioteca: o bookcrossing.
Segundo o que me foi dito, o objectivo é deixar livros em espaços públicos para que possam ser encontrados por outras pessoas.
Os livros são identificados e registados num site e o mesmo serve para que cada pessoa que encontre um livro, dê notícias dele.
É um sistema que procura claramente a maior divulgação do livro, contudo, não acredito que os livros sejam sempre encontrados. Na melhor das hipóteses, talvez saibamos notícias anos depois.
Confesso que para mim é pouco difícil desprender-me dos meus livros. Gosto de emprestá-los, mas quero sempre saber onde estão. Não sei se o meu egoísmo me deixa aderir a este tipo de iniciativa.
Quanto ao prejudicar ou não - os autores e os editores - inicialmente pensei que prejudicaria, mas se pensarmos que a moda pega, vai ser necessário comprar cada vez mais livros para libertar para um maior nr. de pessoas.
Pode ser, por que não?

segunda-feira, 19 de maio de 2008

HABEMUS ACORDO!!

Por Madalena Silva

Para quem achava que os políticos não servem para coisa nenhuma, eis aqui a prova da sua valia: segundo o Público, as criaturas estiveram a trabalhar até às dez e meia da noite para garantir que temos Feira e que os senhores da APEL e os senhores da UEP não se estripavam nos meandros desta contenda.
Resta saber se a Feira do Livro vai ser relegada para o pino do Verão, quando o povo deixa a cidade para ir a banhos!
Às tantas...

Há capas... e capas!

Por Madalena Silva

Não resisto a plagiar um post de hoje no Blogtailors:

Tão simples...
De acordo com o comentário do Fernando Mateus, é de um tal Chip Kidd, pelos vistos uma super estrela.

domingo, 18 de maio de 2008

COMO É QUE ERA AQUELA HISTÓRIA DE QUEM É QUE GANHA COM O PRÉMIO LITERÁRIO?

Por Madalena Silva

Estive a ver os comentários no post da Andreia "Nova novela: as comadres histéricas" e estive quase para acrescentar mais um. Depois pensei melhor e decidi deixar antes aqui uma ideia à reflexão geral:

Já a alguém ocorreu pensar em quem é que está, mais uma vez, a lucrar com esta novela à volta da Feira do Livro?

Pois é, temos de dar a mão à palmatória. O Paes do Amaral não é só um tipo rico, é também um tipo esperto.

A Feira do livro é organizada por uma associação com autonomia jurídica. Essa organização é contestada por outra associação com autonomia jurídica. A Câmara Municipal de LIsboa tem um papel claro e definido e, do meu ponto de vista e a fazer fé no seu comunicado à Lusa, até agora tem tentado desbloquear a situação dentro do quadro que lhe compete.

Mas é o Grupo Leya que tem estado a ter, nestas duas últimas semanas, mais publicidade do que teve em todo o tempo da sua curta mas conturbada existência.

Podem crer que quando foi criado, e apesar de muito se ter dito à volta do seu surgimento, passou despercebido a muito boa gente. Gente que não está no meio, o cidadão comum e anónimo que quer lá saber quem compra ou vende editoras.
Contudo, esse cidadão anónimo vai à Feira do Livro todos os anos, leva os miúdos, passa lá uma tarde, ou mais, compra um livro da Anita para a catraia, Uma Aventura para o miúdo, recolhe um autógrafo do tipo que escreveu o Equador, e folheia e mexe em centenas de livros que não pode comprar mas que fica a saber que existem.

E agora, de repente, estão a dizer que se calhar não vai haver Feira? É pá!!! Que é lá isso? Quem são os gajos que estão a acabar com a sua festa? Grupo Leya? Quem é esse grupo? O que faz? Ah, tem editoras? O quê, a D. Quixote? E a Caminho também? Do Paes do Amaral? Mas esse não é o da TVI? Pensava que o tipo só fazia novelas e Bigg Brothers. Ah, afinal também está nisto dos livros. E quer o quê? Stands mais modernos? Boa, boa. Porque não? É pá não deixam o homem montar o stand como ele quer. Mas afinal estamos em Democracia ou não?... Já viste, pá? Nem deixam o Grupo Leya ir à Feira do Livro. Cambada!...

E quanto custa esta publicidade? Zero, népia, nada de coisa nenhuma! A comunicação social oferece-lha de bandeja. A CML subscreve e a APEL e a UEP fazem o papel da grande agência criativa a quem nem o trabalho de imaginar como dar visibilidade ao cliente está a ser pago.

A isto é que se chama visão empresarial. Pode não ter nada a ver com livros mas tem tudo a ver com negócio. É por isso que o homem está rico e vai continuar a comprar editoras! Tomem nota do que eu disse.

sábado, 17 de maio de 2008

Os livros ousados e os livros tímidos...

Por Andreia Azevedo

Livros Rebeldes:

São livros que imprevisivelmente aparecem e desaparecem de feira em feira, lutando por mostrar que eles merecem muito mais do que um lugar na estante.
Os incompreendidos que amam incondicionalmente sem nunca se prenderem a ninguém...


Livros Tímidos:

Ali ficam... estáticos, empalidecidos em estantes empoeiradas, esperando sufocantemente que alguém, algures, se lembre deles e lhes atribua o valor que a sociedade há muito se esqueceu...



sexta-feira, 16 de maio de 2008

Por Andreia Azevedo

Acordo Ortográfico aprovado no Parlamento!
Mais informações aqui

Nova Novela: As comadres histéricas!

Por Andreia Azevedo

Ora vamos lá resumir a nova novela mexicana que estreou para os lados do Parque Eduardo VII:



As comadres histéricas:



O grupo Leya decide que não vai à Feira do Livro. Depois já vai, mas com pavilhões próprios e autorizados pela Câmara de Lisboa.
Depois já não vai porque a APEL não autoriza que se utilizem pavilhões diferentes.
Segue-se um comunicado por parte da APEL cujo destinatário é a Câmara de Lisboa. No respectivo comunicado a APEL explica o porquê da recusa dos pavilhões.
Entretanto a Gradiva e as Publicações Europa América desvinculam-se do UEP, alegando não concordar com o comportamento do Grupo Leya.
Fala-se em seguida em suspender a Feira do Livro, mas a APEL apela à CML para que não o faça, visto ser um acontecimento cultural de cunho muito importante.

(continua...)


Não percam o próximo episódio, neste blogue, sempre perto de si!

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Uma iniciativa humanista ou um estratégia de marketing?

Por Andreia Azevedo

A propósito dos post´s anteriores:

Colegas, nem só de desgraças vive o mundo. Felizmente!
Enquanto uns querem colocar a sua marca no mundo estampada em notas de 500 euros, (quantas mais melhor) outros há que se libertam de um ego limitado, para dar ao mundo o valor mais precioso que existe (pelo menos para mim): sabedoria. E isso não se compra, conquista-se!
Sim, eu ainda sou uma idealista, ainda tenho "o sangue da juventude a ferver-me nas veias" (frase da Madalena, creio!). Não acredito que seja o tempo que apaga os ideais, mas sim as opções que vamos fazendo perante as adversidades que vão surgindo.
Há que vencer!
Mas deixemo-nos de filosofias...

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Este post serve para fazer referência a um projecto que considero muito interessante, mas que ainda coloco alguns pontos de interrogação...
Saiu a quando do Dia Mundial do Livro uma edição exclusiva Fnac/Teorema, de seu nome: O Prazer da Leitura.
Trata-se de uma série de contos de vários autores, entre os quais o nosso professor, Rui Zink.
É dada na capa a indicação dos editores: Teorema e Fnac (no caso da fnac, acrescenta-se ainda a referência aos 10 anos).
Na contracapa, os leitores são informados que o custo total do livro reverte a favor da AMI (4 euros é o custo).
Muito bem! A partida parece-me uma iniciativa de cunho bastante humanista e de louvar. Mas, tenho uma pergunta que gostaria de dirigir em especial ao professor.
Falamos diversas vezes nos prémios enquanto estratégia de marketing, onde o vencedor é quem atribui o prémio.
Neste caso, posso pensar esta edição como um modo de propaganda?
Confesso que as aulas de teoria e de técnicas contribuiram para um aumento da desconfiança...
Se bem que, propaganda ou não, eu fui para casa duplamente satisfeita. Ajudei ( mas a quem?) e ainda me ri bastante com certos contos!

É caso para dizer: por vezes, a verdade tem muitas faces.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Grupo Leya apoia Casa Fernando Pessoa

Por Carlos Pinheiro

Ainda no rescaldo da mais recente e gigantesca alteração do mercado editorial português (a compra da Explorer Investments e das suas editoras agregadas pelo Grupo Leya), eis mais uma "jogada de mestre" deste último. De facto, o Grupo Leya tornou-se mecenas oficial da Casa Fernando Pessoa, equipamento pertencente à pela Câmara Municipal de Lisboa (a qual não está nas melhores condições financeiras, como é publicamente conhecido), comprometendo-se a apoiar várias das actividades programadas para aquele espaço cultural. A Casa Fernando Pessoa, por seu turno, ficou encarregue de ceder sempre que seja necessário as suas instalações para a realização de eventos afectos ao grupo (ex.: lançamento de livros, debates, etc.). Em declarações ao jornal "Público", Inês Pedrosa, actual directora da CFP explicou que a iniciativa de pedir apoio à Leya foi sua, procurando dessa forma fazer frente à falta de meios financeiros que a instituição que dirige sente há já bastante tempo.

E VÃO QUANTAS?

Por Madalena Silva

Na sequência das novidades que a Ana Valentim nos deu na aula de ontem, sobre a última aquisição do Grupo Leya, fui à procura de notícias e opiniões e encontrei matéria fresca no Público de hoje e no LERBLOG.
E a propósito de algumas coisas que abordámos também na aula de ontem, entre marketing e senso comum, não resisto a transcrever aqui o comentário que o jornalista Luis Graça deixou no post do editorial de Francisco José Viegas sobre esta matéria.
Leiam e opinem.
"Sempre fui considerado ingénuo e idealista pelas outras pessoas. Nos últimos tempos, começaram a chamar-me pessimista. O que mudou? O mundo.
Já nem é preciso muito tempo para perceber que a concentração tem imensos perigos.
Basta atentar nos exemplos de outras áreas. Falo de uma onde estou mergulhado (num pântano, de cabeça de fora e braços no ar): o jornalismo.
A concentração não trouxe nada de bom: menos oportunidades de trabalho, trabalho precário, auto-censura a crescer, diminuição do espaço disponível para a escrita, ditadura do grafismo sobre a palavra, da urgência da hora do fecho sobre a notícia, etc.
Há dez anos escrevi sobre isto numa comunicação num congresso de jornalismo, realizado na Culturgest. Confirmaram-se as minhas previsões e o horizonte é ainda mais sombrio do que aquele que eu previra.
Quanto à concentração no mundo dos livros, a questão é muito simples: os detentores do poder financeiro percebem de livros? Amam os livros? Estão na edição para defender os livros? Sabem como conciliar os negócios com a edição?
Parece consensual que todos respondem: "Editamos para ganhar dinheiro".
Passou de moda a teoria de que se tinha de editar algum "produto" decididamente mau (mas com "mercado") para se poder editar também obras com poucos leitores, mas com valia cultural.
Reparem: se um autor consagrado se incompatibilizar com uma editora do grupo Leya é possível que edite numa outra do mesmo grupo? Isto é apenas um exemplo.
Não é o tempo da concentração editorial que permite uma autêntica "tubaranização" dos espaços disponíveis para os livros? Como é possível que montras inteiras sejam preenchidas na sua totalidade (ou quase) por um único livro? Isto é profundamente anti-democrático. Pode ser perfeitamente legal, mas é perfeitamente anti-democrático.
E as montras não são assim construídas por uma questão de bom senso. Ou por se achar que o autor é desconhecido e merece uma oportunidade. Não, as montras são assim construídas por uma questão de negócio. As montras são"compradas".
Tem alguma lógica pensar que o leitor precisa de ver 50 livros iguais numa montra para se interessar por ele?
Ao esgotar o espaço da montra, remete-se para um limbo do impossível a divulgação de outros autores.
Outra mania dos tempos da concentração é a de alterar a disposição dos livros. Cada vez mais, volta e meia está tudo mudado. Com que vantagens? Se o leitor que está habituado a ir à procura de um livro em determinado sector não conseguir encontrá-lo, o que se gera?No meu caso, frustração. Não é por andar a fazer "decoração de interiores" que se melhora a oferta dentro de uma loja.
Podem mudar à vontade a disposição dos livros. O facto é que isso apenas me afasta das livrarias. Até porque é nestes casos que geralmente se emprega uma força de trabalho que não distingue uma Margarida Rebelo Pinto de um Tolstoi, que pensa que Mário de Carvalho é brasileiro e Patrícia Melo portuguesa. Que pergunta se "Em busca do tempo perdido" é banda desenhada.
Os tempos da concentração também permitem que haja autênticas "limpezas" dos empregados mais antigos das livrarias (a par de alguns jovens altamente qualificados e raros), sendo substituídos por outros que passam a andar vestidinhos todos de igual, fardados e mentalizados para ir até ao computador encontrar a resposta a qualquer pergunta do cliente.
Há cerca de um mês pretendi esclarecer qual o horário da apresentação de um livro de Carla Maia de Almeida na "Byblos", perante a disparidade do horário que ela me fornecera e do que vinha dado à estampa no anúncio da Byblos que saiu no PÚBLICO.
Telefonando para o 12118, não consegui o número de telefone da Byblos. Não só não o consegui, como a pessoa que me atendeu desconhecia por completo a existência da livraria. Apetece dizer, como no anúncio da Renault: "Grandes para quê?".
Até agora, o que a concentração editorial anuncia é isto: negócios. Em que há livros no meio por mero acaso.
Não posso bater palmas e ficar à espera que me atirem um peixe, apesar de toda a simpatia que tenho pelas focas.
Quando um responsável por um grande grupo confunde uma citação de Camões com Eça de Queiroz, que posso esperar de relevante no que toca de apoio à Literatura?
Não pelo lapso, mas pelo sintoma."

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Livro = Mercadoria Espiritual - Artur Anselmo

Por Andreia Azevedo

"(...) ao livro o que lhe pertence: o seu valor material, a sua condição de ropica pnefma (1), isto é, de mercadoria espiritual, que não deixa de ser mercadoria pelo facto de ser espiritual. Só que esta última característica, dando ao livro o sopro da razão animada, reclama também para a mercadoria do espaço mais lato e mais aberto, onde perpassa a variedade do estilo do livro, pela procura insistente de novos temas, novas soluções, novos arranjos, novos motivos de atracção do leitor potencial.
O livro voga, assim, na onda transitória da moda, como quem se dá bem com o seu tempo, mas não deixa de continuar a desafiar os séculos dos séculos, o que explica a poderosa "novidade" dos livros antigos (...)"

Anselmo, Artur; História da Edição em Portugal - Vol. I - capítulo 1 - Pág. 8; Lello e Irmão Editores; 1991.

(1) Título de uma Obra de João de Barros, publicada em 1532: http://joaodebarros.tripod.com/obras.htm

quarta-feira, 7 de maio de 2008

GARRETT, POR ZINK

Por Madalena Silva


Acabei de ler - pela primeira vez na vida - As Viagens na Minha Terra, na versão adaptada para os mais novos por Rui Zink.
Aqui há tempos desanquei, aqui no blog, na versão d'Os Maias de José Luís Peixoto. Apontei os problemas que considerei mal resolvidos por se tratar de romance adulto e inadaptável, em minha opinião, para crianças, sobretudo se for para reduzir a 16 páginas.
Ficou mais ou menos assente que quando saísse esta versão do romance de Garrett, teria de a ler e fazer uma "análise comparativa".
Feito esse TPC, resulta que o meu parecer é francamente mais positivo: o nosso Zink saiu-se, sem sombra de dúvida, melhor que o amigo Peixoto.
Gostei da solução da "voz" do Garrett e do "copy paste".
A opção por uma abordagem deste tipo é obviamente mais inteligente porque coloca o ónus da literariedade do texto em cima do seu verdadeiro autor, embora tal resulte para o melhor mas também para o pior.
E o pior, no caso, continua a ser, em meu entender e reiterando aquilo que já apontei na crítica a Os Maias, o conteúdo e não tanto a forma. É que não é efectivamente pêra doce adaptar estes romances a uma linguagem que, não sendo imbecil ou imbecilizante só porque se dirige a crianças - que, ao contrário do que o João dizia no seu comentário ao meu post anterior, não são imbecis, antes são do mais vivaço e muitas vezes crítico que há por aí - também não pode ser indecifrável sob pena de se falhar por completo o objectivo traçado inicialmente.
E, neste aspecto, esta adaptação das Viagens também contém alguns parágrafos mais densos e de maior dificuldade de interpretação. Refiro, apenas a título de exemplo, a passagem onde se fala pela primeira vez de Frei Dinis - frades, barões, Sancho Pança, D. Quixote, sociedade velha, sociedade nova... demasiadas referências literárias a exigir conhecimentos prévios que, muito provavelmente, os jovens leitores não têm.
Em termos visuais, quer uma quer outra estão bonitas e, nesse âmbito, deixo uma especial referência ao trabalho de ilustração e de paginação que me parece excelente.
Resta-me confessar que ainda não foi desta que me conseguiram convencer a ler o original.
Até porque a história é deprimente - ninguém casa, o mulherio fica meio morto e meio louco, o herói sai de cena sem dizer água vem, o frade dá de "frosques" sem dizer água vai... a única que tem o meu apoio incondicional é a inglesa que voltou à base e recomeçou a vida com namorado novo. Boa! "Ganda" Georgina.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Por Andreia Azevedo


Um cartaz que dispensa mais apresentações. A não perder!