sábado, 26 de abril de 2008

Grupo Leya boicota Feiras do Livro

Segundo uma curta notícia publicada no n.º 103 do jornal Mundo Universitário, o grupo Leya, que engloba editoras como a Asa, a Caminho, a D. Quixote e a Verbo, anunciou que não vai estar presente na Feira do Livro do Porto, ponderando também não participar na Feira do Livro de Lisboa. A principal razão para este boicote é a de que este tipo de certames não tem um volume de negócios (ou seja, de lucro) que o justifique. Perante esta atitude (única, acho eu, no mercado editorial português até aos dias de hoje, a confirmarem-se estes dados), colocam-se várias dúvidas sobre as reais intenções deste gigante editorial. É certo que vivemos numa sociedade capitalista onde o dinheiro tem muito peso, mas uma "empresa" que tem como previsão a publicação de mil novos títulos num só ano e uma facturação estimada em qualquer coisa como 90 milhões de euros anuais, não pode dar-se ao luxo de gastar uns milhares em dois acontecimentos que contribuiriam certamente para a sua auto-promoção? Será que já nem nomes sobejamente conhecidos do público, como José Saramago, Mia Couto ou Manuel Alegre, entre muitos outros, são suficientes para alimentar a voracidade dos dirigentes deste gigante? Que contributo estão a dar para tornar os livros mais acessíveis às pessoas num país com fracos hábitos de leitura, como se comprova num relatório recentemente publicado no âmbito do Plano Nacional de Leitura? Será que ao não participarem não irão perder muito mais dinheiro do que se tivessem montado nem que fosse uma única barraquinha onde concentrassem os seus melhores autores? Enfim, vamos ver se cumprem o que anunciaram. E, no fim de contas, creio que quem fica verdadeiramente a perder somos nós, leitores e amantes dos livros.

Carlos Pinheiro

sexta-feira, 25 de abril de 2008

ABRIL!

Por Madalena Silva



Hoje é dia 25 de Abril!

Muitos dos meus colegas de mestrado não tinham ainda nascido em 74.

Eu tinha o fogo da juventude a brilhar nos olhos.

Trinta e quatro anos depois, apesar dos muitos pesares, ainda tenho o fogo a brilhar, não tanto nos olhos onde a chama da revolução se foi transformando num braseiro morno e apagar-se lentamente, mas sobretudo na alma, onde a revolta - e já não a revolução - se alimenta todos os dias com as injustiças que se escancaram diante do nosso pequeno mundo mais ou menos aconchegado.

É esse fogo da alma que me alimenta o quotidiano e me faz levantar da cama em cada dia, na esperança de que esse será o dia, aquele que irá marcar a diferença, aquele que esperamos sempre!


O dia que ninguém soube descrever tão bem como Sophia:


Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo.



Sophia de Mello Breyner Andresen


Para todos os meus colegas e professores, com o abraço da Madalena!

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Paulo Teixeira Pinto compra Guimarães Editores

Depois de abandonar a presidência do Millenium BCP, depois da política e da vida académica, Paulo Teixeira Pinto anunciou a compra da Guimarães Editores, uma referência histórica da edição portuguesa. Não é apenas um novo projecto nem um investimento financeiro: para o ex-banqueiro, é a raiz de uma nova vida. O ex-presidente do maior banco privado português entrou no sector editorial por "amor aos livros". A primeira grande aposta é a reedição da obra completa de Agustina Bessa-Luís, um nome de peso da literatura portuguesa contemporânea desde sempre ligada a esta casa editorial, com um novo design gráfico. O novo logotipo da Guimarães Editores terá como pano de fundo o azul da tinta permanente usada por Agustina Bessa-Luís nos seus manuscritos. Uma novidade (talvez) inédita no panorama da edição em Portugal é a presença de um conselho editorial composto por 30 personalidades da vida cultural e académica que irá gerir a publicação de todos os livros. A edição de ensaios, teses de doutoramento e álbuns de arte de grande qualidade será outra das apostas da nova direcção. Para mais informações, não percam a entrevista a Paulo Teixeira Pinto publicada no 1.º número da 2.ª série da Revista Ler. Isto promete. Vamos ver...

Carlos Pinheiro

Novos instrumentos de leitura e de escrita

Num tempo em que os progressos tecnológicos se sucedem a um ritmo avassalador, surgem constantemente novos equipamentos "facilitadores" da leitura e da escrita (até que ponto conseguirão mesmo esse efeito, eis uma questão que deixo no ar). Numa breve notícia do 1.º número da 2.ª série da Revista Ler, eis mais dois:

1) Kindle

Este leitor de e-books ou e-reader, como preferirem, tem características muito interessantes. Já falámos muito dele nas nossas aulas, mas creio que nunca é demais salientar as suas potencialidades, até porque, pelos menos para mim, é algo que ainda não entrou no meu universo conceptual, digamos assim. Eis então alguns dados que dão que pensar: criado pela Amazon, este leitor de e-books consegue guardar cerca de 200 livros em pouco mais de 300 gramas. Através da loja virtual, o utilizador tem acesso a 110 mil obras, a jornais, a revistas e a blogues. Os primeiros capítulos podem ser lidos gratuitamente e, caso o leitor deseje adquirir um dos livros, este chega num curtíssimo espaço de tempo. O Kindle está disponível em http://www.amazon.com/ e custa 399 dólares (pouco mais de 250 euros).


2) Pulse

Trata-se de uma caneta "inteligente". Chegou ao mercado em Março e está disponível no endereço http://www.livescribe.com/ . Esta caneta guarda as anotações escritas ao mesmo tempo que grava o som, sendo assim muito útil para aulas, conferências ou entrevistas (até porque pesa menos de 40 gramas). Os utilizadores registados no site indicado têm direito a 250 MB de espaço on-line para guardar ou partilhar gravações e notas. Por agora, existem dois modelos: um com cerca de 1 GB, que grava até 100 horas e tem cerca de 16 mil páginas em branco (custa à volta de 95 euros); e outro de 2 GB, com o dobro da capacidade de armazenamento de informação áudio e textual (com um valor comercial a rondar os 125 euros).

Carlos Pinheiro

Feira do Livro no Terreiro do Paço

Integrada na comemorações do Dia Mundial do Livro, está a decorrer até dia 27 de Abril uma Feira do Livro no Terreiro do Paço organizada pela Sodilivros com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa. Haverá livros a partir de 1 euro.



Carlos Pinheiro

Lançamento da Revista Ler

Saiu ontem o 1.º número da 2.ª série da Revista Ler. Tive a sorte de a conseguir de borla, na compra de um livro na Livraria Bertrand (uma oferta especial integrada nas comemorações do Dia do Livro). Ah, e já agora, também ofereciam rosas... Para quem não soube disso ou não teve essa oportunidade, destacarei os pontos fortes deste 1.º número (que ainda vão a tempo de comprar, não se esqueçam):



a) uma entrevista excepcional de 12 páginas a António Lobo Antunes.



b) um dossier também com 12 páginas sobre os 50 autores mais influentes do século XX (da lista só consta um nome português: Fernando Pessoa, como não podia deixar de ser).



c) uma fotobiografia sobre a Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian.



d) um conjunto de crónicas muito interessantes de autores de renome (José Eduardo Agualusa, Pedro Mexia, Inês Pedrosa, entre outros).



O único incoveniente será talvez o preço (5 euros), se bem que, se tivermos em conta o número de páginas (quase 100), a diversidade de conteúdos, como acabei de mostrar, e o grafismo bastante colorido e original, até nem me parece uma preço do outro mundo. A sua periocidade é mensal e, segundo o seu director, Franscisco José Viegas, como já destacou a Andreia numa mensagem anterior, ainda muita coisa está por aperfeiçoar...



Carlos Pinheiro.

Exposição de Saramago em Lisboa

A Galeria do Rei D. Luís, no Palácio Nacional da Ajuda recebe entre 23 de Abril e 27 de Julho a exposição intitulada José Saramago: A Consistência dos Sonhos. De acordo com Jorge Couto, director da Biblioteca Nacional (instituição que tutela esta vinda a Portugal), a exposição que pode ser vista pelo público português é a mesma que esteve na Fundação César Manrique, na ilha de Lanzarote, no final do ano passado, mas com algumas novidades. Para quem gosta do nosso Prémio Nobel (e não só), uma exposição a não perder.



Carlos Pinheiro

Novidades culturais III

Olá a todos. Deixo aqui duas sugestões que, embora não tenham nada a ver com livros, são muito interessantes. Para quem gosta de conhecer um pouco da nossa História, não percam a primeira; para quem quiser aventuras mais radicais, aproveitem a segunda.



1. Quartel do Carmo abre portas ao público



A Guarda Nacional Republicana, no âmbito das comemorações do seu 97.º aniversário e do 34.º aniversário da Revolução dos Cravos, vai abrir as portas do Quartel do Carmo ao público entre 24 de Abril e 4 de Maio. Neste local, para além de um circuito de visitas interno, estará patente a exposição O Carmo, a GNR e o 25 de Abril. Os vistantes poderão ainda ver o espólio museológico do antigo Convento do Carmo e a sua evolução para quartel.



2. Roda Gigante em Lisboa



Já se encontra a funcionar a Roda Gigante de Lisboa. Localizada junto ao Museu da Electricidade em Belém, esta infaestrutura tem nada mais nada menos do que 37 metros de altura e uma capacidade simultânea para 160 pessoas, sendo as viagens gratuitas.



Carlos Pinheiro

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Dia Mundial do Livro na FNAC Colombo

Por Andreia Azevedo

Hoje, dia mundial do livro, às 18h30, na Fnac Colombo, uma conferência cujo tema é: "O Futuro do Livro".
A conferência contará com a presença de José Luis Peixoto, António Baptista Lopes e Mário Sena Lopes.

terça-feira, 22 de abril de 2008

A leitura no WC

Um papel higiénico onde estão impressos clássicos da literatura? Sim, foi uma peça de teatro. Agora, é realidade. Mais informações aqui.

AV

LER, amanhã - Dia do Livro - nas bancas...

Por Andreia Azevedo

A Nova Ler, dirigida por Francisco José Viegas, estará nas bancas amanhã, Dia do Livro.

Acerca da Revista, de reter três afirmações do Director:

1. “… não é uma revista de literatura, mas de livros. Está mais próxima das livrarias…”

2. “… Traz pouca continuidade com o passado, mas sem perder a tendência experimental…”

3. “… Este primeiro número ainda não é indicativo sobre o que irá ser de facto a Ler. Ainda há coisas por afinar…”

A ver vamos...



Fonte: www.diariodigital.sapo.pt

segunda-feira, 21 de abril de 2008

HÁBITOS DE LEITURA: NÚMEROS FRESCOS - II

Por Madalena Silva


Confrome prometido, aqui está um link para o documento na íntegra. Vale a pena uma vista de olhos. Tem coisas curiosas, como facto de cada vez se ler mais em suportes ligados à novas tecnologias. Imaginem que a percepção da evolução da leitura, nos últimos 10 anos, em Portugal, apresenta 86,6% para a leitura de mensagens no telemóvel e 82,6% no computador e internet.
Estas percentagens correspondem a respostas “aumentou” numa escala em que 1=diminuiu, 2=manteve-se e 3=aumentou.
Só depois aparecem os livros com uma percentagem de 54,4%.
Será que vale a pena dar muita atenção a estas tendências?
Creio que, pelo menos, devemos interiorizar que vivemos definitivamente uma época de mudança.

HÁBITOS DE LEITURA: NÚMEROS FRESCOS

Por Madalena Silva


O Público dá conta de algumas das conclusões apresentadas pelo Relatório de Avaliação do Plano Nacional de Leitura.
Citando a notícia, relevo a seguinte afirmação: “Comparando com a Europa, os portugueses ainda lêem pouco mas a tendência é positiva”, disse ao PÚBLICO Isabel Alçada, comissária do PNL." E agora? Estamos a caminhar mas para onde? Volto às mensagens anteriores em que levantámos questões sobre o que é que as editoras e os grandes grupos hoje publicam.
A tendência é passarmos a ler mais, mas será que também é passar a ler melhor?
Aceitam-se apostas.
Ainda andei à procura do relatório completo mas o site do PNL está inacessível. Se entretanto lá conseguir entrar e obter mais informação, logo direi.

CONSIDERA-SE UM BEST-SELLER OU NÃO?

Por Madalena Silva


"Vendido de mão em mão por imigrantes de Leste, bateu o seu recorde de vendas em 2005 ao alcançar os 320 mil exemplares. Um valor que parece não corresponder ao número de pessoas que demonstra ter aprendido alguma da sabedoria que ele comunica. É pena!
Dirigida por Célia Cadete, a publicação vem de longe. Segundo Manuel Viegas Guerreiro e David Pinto Correia, professores da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, o primeiro escrito em português foi o Almanaque Perdurável (Séc. XIV).
Antes do Verdadeiro Almanaque Borda d'Água, existiu O Velho Borda d'Água, pela Livraria Barateira."

Este é um excerto de uma notícia publicada hoje no DN. É apenas uma curiosidade mas lembrei-me que chegámos a falar nos almanaques em História e Sociologia do Livro e fiquei deveras surpreendida com os números de vendas. Até porque acho que já não há 320 mil agricultores cá na terra o que pode ser sinal da diversidade de públicos do Borda d'Água.
Ora aí está um bom objecto de estudo a cruzar a sociologia com a edição!

sexta-feira, 18 de abril de 2008

E O OSCAR VAI PARA...

Por Madalena Silva


... Manuel Alberto Valente pela sua decisão de bater com a porta deixando para trás a ASA e o Grupo de Paes do Amaral.
As razões deu-as hoje, em
entrevista ao Público, estampada na página 16 e onde fala de coisas que nos interessam a todos e sobre as quais nós próprios, interessados aprendizes destas artes editoriais, temos vindo a reflectir - sem chegar a nenhuma conclusão, diga-se!
Aconselho a leitura atenta e chamo a especial atenção para este parágrafo:
"Sou de uma geração e tenho uma escola em que houve sempre uma enorme preocupação com a rentabilidade dos projectos, mas essa rentabilidade passava por uma frase que repeti muitas vezes: “Publica-se o que dá para se poder
publicar o que não dá.” Uma das primeiras frases que Isaías Gomes Teixeira disse quando entrou para o grupo foi: “Mas para que é que vocês publicam o que não dá?” Isto transmite toda uma filosofia com a qual não estou minimamente de acordo. "
Há alguns dias, tivemos aqui no blog uma acesa troca de comentários em torno de um post em que questionei a publicação do livro do Toni Carreira. E em que o Dinis terminou a dizer que o Cláudio Ramos também se preparava para publicar. Pois já publicou. Já o vi à venda na Bertrand. Deve ser dos que dão! O meu receio é que com esta filosofia dos grupos "à la Leya" de só publicar o que dá, um dia não tenhamos mais nada para ler para além de autores como Toni Carreira, Cláudio Ramos, Fátima Lopes, Carolina Salgado e afins! Com todo o respeito pelo trabalho que possam ter, ainda que seja a contar a história a quem a escreve!
Por esse andar, há-de vir o dia em que o Nobel cairá no colo da Rhonda Byrne pelo seu best-seller O Segredo!!

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Café com Livros...

Por Andreia Azevedo

Um marketing pouco agressivo e de boa ingestão... :)

Sempre gostei daquele conhecimento que nos chega sem "mexermos uma palha".

Um ex., na minha opinião, significativo do que falamos na última aula de Técnicas de Edição... Qualquer momento é bom para "vender o peixe".
Mas convenhamos... uma publicidade subtil cai melhor do que a típica impositora...


quinta-feira, 10 de abril de 2008

Ghost Writers

Caros colegas, aqui vai um link para um post interessante sobre ghost writers:

http://sobreedicion.blogspot.com/2008/03/fantasmas-escritores-y-prctica.html

Dinis

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Sexualidade literária



Caros colegas, andando por aí a navegar em blogs de editores e livreiros, deparei-me com uma questão que me tem fustigado a alma. Ler é sexy? Es decir, ?leer puede ayudarme a conocer la mujer de mi vida? Gostava de ler as vossas opiniões, de preferência sensualmente.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Os Livros e o Cinema...

Por Andreia Azevedo

Em mais uma das minhas caminhadas até ao trabalho e observando as montras das lojas do Aeroporto, tenho reparado na quantidade exorbitante de livros que estão a ser adaptados ao cinema.

Questões que se colocam:

1. É a produção cinematográfica um forte veículo de promoção dos respectivos livros?

2. Qualidade Literária vs Comércio

3. Cinema: Incentivo à compra ou maior afastamento da leitura tendo em conta que ja se "conhece a história"?

4. As adaptações cinematográficas são moda?

5. Que tipo de romances passam para o grande ecran? Os dos "grandes escritores" ou dos jovens principiantes?

6. O que nasce primeiro, o livro ou o filme?