sexta-feira, 25 de abril de 2008

ABRIL!

Por Madalena Silva



Hoje é dia 25 de Abril!

Muitos dos meus colegas de mestrado não tinham ainda nascido em 74.

Eu tinha o fogo da juventude a brilhar nos olhos.

Trinta e quatro anos depois, apesar dos muitos pesares, ainda tenho o fogo a brilhar, não tanto nos olhos onde a chama da revolução se foi transformando num braseiro morno e apagar-se lentamente, mas sobretudo na alma, onde a revolta - e já não a revolução - se alimenta todos os dias com as injustiças que se escancaram diante do nosso pequeno mundo mais ou menos aconchegado.

É esse fogo da alma que me alimenta o quotidiano e me faz levantar da cama em cada dia, na esperança de que esse será o dia, aquele que irá marcar a diferença, aquele que esperamos sempre!


O dia que ninguém soube descrever tão bem como Sophia:


Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo.



Sophia de Mello Breyner Andresen


Para todos os meus colegas e professores, com o abraço da Madalena!

4 comentários:

Anónimo disse...

Madalena, eu sou daqueles jovens nascidos na década de 80 que acha que viveu o 25 de Abril. Na minha família existem casos de perseguições da PIDE, venda de livros proibidos, entre outras coisas. Porém, há coisas dum povo que a revolução não limpa, como a inveja portuguesa, do ponto de vista do José Gil.

A dita liberdade ainda é um pouco débil. A censura tomou formas mais subtis. O próprio excesso de informação é uma forma de censura, e o big brother anda aí.

Abraços e viva a Liberdade!
Veinticinco de Abril siempre!

Anónimo disse...

Meu caro Dinis,
navegar é preciso!
Como cantava Vitor Jara, Venceremos!
A técnica é não desistir. Um dia havemos de os bater, aos pontos, por cansaço, por desistência do adversário, seja de que modo for!
E tens toda a razão do mundo: a Liberdade é tão frágil que, por vezes, até nós nos deixamos enganar e aceitamos as subtilezas das novas formas de censura. Alerta, Dinis, sempre alerta para honrar a memória dos mortos na luta e a dignidade dos vivos em luta!
Abraços para ti e para os teus.
25 de Abril Sempre!

Rui Zink disse...

É bom ver gente que ainda acredita no natal. Parabéns!

Anónimo disse...

Madalena, nem queria acreditar nos meus olhos ao ver o cravo vermelho. Obrigada por teres deixado a homenagem e por contribuires para que mais uns quantos não esqueçam o "cinco cinco de Abril Sempre" (como eu gritava quando era criança e não sabia dizer "25", mas sabia muito bem o que era).

Numa altura em que, cada vez mais, se ouve o arrepiante "No tempo do .....ar é que era", todas as palavras contrárias são poucas.

Um beijinho grande de outra jovem (esta de 85) que viveu, através da memória familiar, 74.

Ana Faria