sexta-feira, 18 de abril de 2008

E O OSCAR VAI PARA...

Por Madalena Silva


... Manuel Alberto Valente pela sua decisão de bater com a porta deixando para trás a ASA e o Grupo de Paes do Amaral.
As razões deu-as hoje, em
entrevista ao Público, estampada na página 16 e onde fala de coisas que nos interessam a todos e sobre as quais nós próprios, interessados aprendizes destas artes editoriais, temos vindo a reflectir - sem chegar a nenhuma conclusão, diga-se!
Aconselho a leitura atenta e chamo a especial atenção para este parágrafo:
"Sou de uma geração e tenho uma escola em que houve sempre uma enorme preocupação com a rentabilidade dos projectos, mas essa rentabilidade passava por uma frase que repeti muitas vezes: “Publica-se o que dá para se poder
publicar o que não dá.” Uma das primeiras frases que Isaías Gomes Teixeira disse quando entrou para o grupo foi: “Mas para que é que vocês publicam o que não dá?” Isto transmite toda uma filosofia com a qual não estou minimamente de acordo. "
Há alguns dias, tivemos aqui no blog uma acesa troca de comentários em torno de um post em que questionei a publicação do livro do Toni Carreira. E em que o Dinis terminou a dizer que o Cláudio Ramos também se preparava para publicar. Pois já publicou. Já o vi à venda na Bertrand. Deve ser dos que dão! O meu receio é que com esta filosofia dos grupos "à la Leya" de só publicar o que dá, um dia não tenhamos mais nada para ler para além de autores como Toni Carreira, Cláudio Ramos, Fátima Lopes, Carolina Salgado e afins! Com todo o respeito pelo trabalho que possam ter, ainda que seja a contar a história a quem a escreve!
Por esse andar, há-de vir o dia em que o Nobel cairá no colo da Rhonda Byrne pelo seu best-seller O Segredo!!

4 comentários:

AnaLu disse...

Tinha acabado de escrever um pequeno apontamento sobre o mesmo assunto. A entrevista merece ser lida na íntegra. No suplemento/jornal gratuito Sexta da semana passada há uma entrevista com o editor Nélson de Matos que nos dá também que pensar. Diz ele a certa altura: "Da minha geração ainda há alguns editores em Portugal. Mas somos uma geração em extinção. O mundo moderno não se compadece com o vagar que é necessário para construir uma relação com o autor. Hoje os editores nem sequer leêm os textos. Na maior parte dos casos, o título publica-se porque o autor tem um programa de televisão, é jornalista, é político, é tudo menos escritor. As exigências das organizações empresariais que hoje são as editoras já não se compadecem com esta situação. Esse trabalho só pode continuar a ser feito das pequenas iniciativas da edição que têm a figura do editor muito preservada."
Tudo coisas que fomos falando por estes dias.

Só tenho pena que ambos refiram a questão das gerações. Desconfio que tenho de lhes dar razão, mas por outro lado, sendo um nadinha mais jovem que eles, partilho muito do que pensam e das linhas de pensamento que lhes permitiram realizar o que realizaram. Será que já não vamos mesmo a tempo? O tempo das utopias (das "utopias materializáveis" como me disse o Vitor Silva Tavares em relação à sua & etc) já acabou?

Anónimo disse...

Não pode ter acabado, senão o sonho morre cedo.

Drekas disse...

Os sonhos nunca morrem, aguardam sempre por um louco que possa lutar por eles :)

Anónimo disse...

Eu achei que ontem tinha deixado aqui a minha resposta aos vossos comentários mas - nabice das nabices!! - ela não aparece o que significa que me devo ter esquecido de algum passo importante.
Todavia, a ideia que quis passar foi a de que os sonhos e as utopias só morrem se nós deixarmos.
E lancei um desafio: será que este grupo de mestrandos já pensou se editar é aquilo que quer fazer a seguir? E editar à profissional, criando um projecto?
O mercado actual assusta, é verdade! Mas pensem na filosofia dos grandes grupos - eles compram muitas editoras para se tornarem fortes. Então porque não unir esforços antes de criar uma editora? Nunca ouviram falar em cooperativas? E em associações? A FNAC começou assim, em França, e hoje é o império que conhecemos.
E o facto de sermos jovens (ó p'ra mim a colar-me indecentemente!!!)não deve ser óbice - os tipos do google quando começaram ainda tinham acne às pazadas!
E o Bill Gates não tinha idade para entrar em casinos!(que é coisa que eu já posso à vontade!)
Lembrem-se, a união faz a força e a luta continua!!!
Quem é que o Paes do Amaral e quejandos pensam que são???