Na passada 4ª feira, 9 de Janeiro, sensivelmente metade da turma - a outra metade não pôde ir mas teve pena - reuniu-se para celebrar o aniversário do Menino Jesus, a entrada de 2008 e demais datas importantes no calendário das celebrações anuais, ficando ao critério de cada um comemorar o que melhor se adequasse ao seu espírito.
O repasto teve lugar n' A Tasca do Careca, na Actor Taborda, ali ao Saldanha, mais precisamente na rua do Cinebolso (para quem não conhece o Cinebolso, aconselha-se pesquisa rigorosa na net, já que se trata de cinema emblemático do bas-fond lisboeta e cultura geral fica sempre bem).
Houve boleias a partir da Faculdade e foi engraçado porque parecia um rally-paper com o pessoal à procura não de pistas mas de lugar para estacionar nas imediações do restaurante.
Comeu-se, bebeu-se e conversou-se "os farrapos", como eu costumo dizer, isto é, em quantidades industriais (Isto aplica-se apenas à conversa porque a quantidade de comida e de bebida foi normal e houve quem só bebesse ice tea, ou água, ou cerveja sem álcool. Um grupo bem comportado, portanto).
Uma tertúlia tão animada que me obriga a pensar que é pecado não fazer estas reuniões com maior regularidade e deixar isto agarrado às datas das festividades habituais. Até porque se discutiram coisas sérias - desde a utilidade do nosso mestrado, até às especificidades de algumas cadeiras, passando pelas artes, pela política, pelas opções de voto, pelas relações, por conceitos tão velhos como o amor ou a amizade.
Fica aqui a sugestão: mais jantares, ou almoços, ou simplesmente espaços de debate e conversa à volta de uma mesa de café.
Como a Tasca do Careca fecha às 2 da manhã, houve baixas no grupo a partir da meia noite mas alguns resistentes foram postos na rua pelos proprietários, eram quase duas e meia.
O balanço é francamente positivo mas que se pronunciem os participantes e digam de sua justiça.
Entretanto, reproduzo aqui o texto colectivo que se engendrou no decorrer do festim, quando já havia gente absolutamente intoxicada com ice tea, pelo que pode parecer que não faz muito sentido mas que nos divertimos, disso não haja dúvida. É uma pálida tentativa de "cadavre exquis" tendo cada um produzido uma frase partindo apenas da última palavra do anterior:
"Esta noite inicia-se o primeiro de muitos lugares de pessoas silenciosas, com medo, vazias, que rasgam o papel porque não gostaram da história, mas era tão chata que...
até pareço um cadáver esquisito porque estou a pensar que nada como o Sporting ter perdido!
Ou achado? Perdido por perdido, achado por achado, deixo para o próximo encontrar o lado!
Depois de andar de um lado para o outro, vi que não encontrava nada
então tirei dois pêssegos do chapéu
e um carro vermelho estava a voar
a voar, mas a voar baixinho, como os crocodilos
crocodilos são verdes e feios e embebedam-se ao entardecer com garrafões de vinho.
No outro dia bebi vinho, de inicio não gostei, era amargo, mas depois comecei a imaginar anões esverdeados e percebi-lhe a piada.
O João ficou muito zangado com a Ana e foi-se embora de repente...
De repente, fez-se luz."
Eu cá gosto do resultado. E vocês?
Madalena Silva
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2 comentários:
Acho o "cadáver made in Careca" fantástico. Anda gostei mais agora do que quando o leram lá. Mas o mais o importante foi o convívio que fica para história como o primeiro de muitos.
ps- É altura de celebrarmos a passagem do ano!
É de louvar a inspiração deste pessoal trabalhador.
O meu PS é: já deixámos passar a passagem de ano, o dia de Reis e sei lá quantas dias dignos de festejo... temos de acordar. Até porque os "cadavres exquiseeeesss" fazem bem ao raciocinio.
Ana Faria
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