Depois de, na aula de hoje, termos falado da dedicatória nos livros e de algumas histórias no mínimo curiosas, cheguei a casa e fui confirmar. Assim, e a saber:
O Delfim, de Cardoso Pires - a minha edição é do Circulo dos Leitores, de Dezembro de 2002 e foi objecto de uma licença editorial por cortesia da D. Quixote, tendo tomado por base o texto da 15ª edição, da D. Quixote precisamente, de 1997, que foi o último revisto pelo autor.
E lá está. Para além de uma introdução pelo punho do Eduardo Prado Coelho de quase 13 páginas que, confesso, só li em diagonal ao estilo do Professor Marcelo, a dedicatória: "Para o Francisco Salgado Zenha, meu amigo". Quem diria? E o mais interessante é que eu já a tinha visto, é claro, mas não tinha pensado no assunto até hoje.
(O que vem provar que as aulas sempre servem para mais do que aquilo que à primeira vista nos parece!)
A seguir, Saramago.
Dos que eu tenho, e por ordem de aparecimento, temos:
Levantado do Chão , de 1980, 4ª edição, 1983 - À Isabel, sempre
(Segue- se uma lista de nomes e a referência de que sem eles o livro não teria sido escrito e ainda À memória de Germano Vidial e José Adelino dos Santos, assassinados.)
Memorial do Convento, de 1982, 30ª edição de 1999 - não tem dedicatória
O Ano da Morte de Ricardo Reis, de 1984, 15ª edição, de 2000, idem
História do Cerco de Lisboa, de 1989, 4ª edição de 1998 - A Pilar
O Evangelho segundo Jesus Cristo, de 1991, 25ª edição, de 2000 - A Pilar
Ensaio sobre a Lucidez, de 2004, 1ª edição - A Pilar, os dias todos. A Manuel Vázquez Montalbán, vivo
A Caverna, de 2000, 2ª edição, de 2000 - A Pilar
O Homem Duplicado, de 2002, 1ª edição (Esta está autografada pelo próprio, espero que valha uns euros quando eu for velhota e precisar de dinheiro para o lar) - A Pilar, até ao último instante; A Ray-Güde Mertin, A Pepa Sànchez-Manjavacas.
Agora é preciso tirar uma coisa a limpo: a primeira senhora do Saramago foi uma D. Ilda Reis, pintora, com quem esteve casado entre 1944 e 1970. Tendo em conta que a segunda senhora dele, e actual, é a "Pilar", a "Pilar, todos os dias" e a "Pilar, até ao último instante", com quem casou, salvo erro, em 88, quem é que raio é a "Isabel, sempre" de 1980, do Levantado do Chão? O homem é um princípe, está visto!
Por fim, a cereja no cimo do bolo: dedicatória à maneira, comme il fault, de verdadeiro bom gosto, é precisamente a do João Ubaldo Ribeiro no A Casa dos Budas Ditosos de que também falámos hoje:
"Para as mulheres".
Está tudo dito.
Madalena Silva
Só uma nota:
na edição que eu tenho do J U Ribeiro, que é a 2ª, de Fevereiro de 2000, a imagem da capa é o Nu sentado com olhos fechados, de Gustav Klimt. A capa com o Egon Schiele que referiram é da 1ª edição? Alguém sabe?
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2 comentários:
depois de uma pesquisa no google descobri quase tudo sobre a vida amorosa do Saramago.
Ora bem, o senhor casou-se em 1944 com a pintora Ilda Reis, de quem tem uma filha, Violante. Divorcia-se em 1970 e, no mesmo ano, conhece a escritora Isabel de Nóbrega que será a sua companheira durante os quinze anos seguintes. Em 86 conhece Pilar, com quem se casa em 88.
Ora aqui está dissecada a vida amorosa do Saramago! A partir daqui já percebemos melhor essa coisa do põe e tira dedicatória. Continuo a achar que o Pierre é que tinha razão: Se o sr. dedicasse os livros "à minha mulher", já não precisava de se preocupar com isto!
Não haja dúvidas que o Pierre tinha razão. À minha mulher resolvia o problema mas volto ao meu post inicial para salientar o grande bom gosto, requinte e lado prático do João Ubaldo Ribeiro: "Para as mulheres". Isso sim faz sentido e resolve todos os problemas porque sendo "para as mulheres" engloba as ex, as intermédias, as actuais, as futuras e todas as que nunca chegaram a ser mas gostavam de ter sido ou vão lutar para ainda vir a ser!(Não no caso do Saramago, acho eu, cujo já está a ficar um bocadinho uva passa.)
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